segunda-feira, 8 de março de 2010

Unimed 'Fácil' ou a miséria dos planos de saúde brasileiros

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Segunda feira, acordo uma hora mais cedo que de costume para não perder
o horário da consulta agendada para 8.40h. Chego lá as 7.55h, apresento meus documentos e aguardo. O primeiro horário agendado era o meu, mas em lá chegando, descubro que o atendimento é por ordem de chegada. Haviam umas quatro pessoas na minha frente, já fiquei irritada, pois planejei passar pela consulta, me encaminhar imediatamente ao laboratório, realizar os exames de praxe e em seguida voltar ao trabalho.

Uma voz irritante me interpela:
- A senhora tem autorização?
- O quê... autorização? Pra quê?
- Para poder realizar a consulta, senhora.
- Moça, meu plano está rigorosamente em dia, preciso mais de quê para ser atendida?
- Precisa da autorização da Unimed, senhora.
- Deve haver algum engano, no momento de contratar a venda, ninguém me falou que o Plano "Fácil", era cheio de burocracias...
- Fale com o atendente da Unimed, senhora...

Pra resumir, descobri que para poder me consultar, tenho que pedir primeiro a benção da Unimed. E mais, não cabe a mim escolher o médico, eles é que decidem por mim... é mole?
Mais um detalhe: a bendita autorização tem que ser pedida de corpo presente! Em plena era de internet, eu tenho que deixar meu serviço, me deslocar até o centro da cidade, debaixo de um calor infernal e um trânsito pior ainda, para olhar nos lindos olhos do atendente e pedir que me conceda aquilo que eu já pago (e caro) para ter. Perguntei a ele se o fato do plano se intitular "fácil'', era alguma ironia...

Ligo furibunda para a pessoa que me vendeu o plano.
- Ah, mil perdões, eu esqueci desse detalhe, blá, blá, blá...
Pergunto a ela quem vai pagar a gasolina que eu gastei atravessando a cidade, atrás de uma consulta que não consegui fazer, e pela qual esperei cerca de quarenta dias até a médica ter agenda disponível. Sem resposta. Pergunto quem vai me reembolsar o valor do estacionamento. Sem resposta também.

Nisso me lembro que, mesmo de posse da bendita autorização, terei que marcar a consulta para outro dia e talvez a médica não tenha agenda disponível novamente. Sair de casa em jejum para fazer os exames é completamente inútil, pode contar que perderei, no mínimo dois períodos para resolver isso. Resultado: terei que pedir dispensa do serviço novamente para me consultar e fazer os exames. Gastar gasolina, tempo e grana tudo de novo... E talvez as surpresas continuem a aparecer, tem mais essa...

Volto para o trabalho, e me humilho para a chefia explicando o que aconteceu. Pior ainda, já dizendo que faltarei novamente ao serviço e desta vez em dobro, já que a consulta ficou para o período da tarde e os exames serão feitos outro dia pela manhã... Alguém diz:
-Mas é seu direito...
Sim, estou no meu direito, e os prazos e editais esperam por direitos?

Enfim, no meio da confusão ainda tive 'sorte', consegui remarcar a consulta por 'encaixe' (sendo que esperei quarenta dias...) e farei os exames amanhã de manhã ou sei lá quando. Ah, mais uma coisinha: você só pode se consultar com o médico da especialidade que a Unimed não oferece no local de autorização. Ou seja, vai querer me convencer de que este profissional terá plena liberdade de pedir consultas e exames extras, se isso não for conveniente para a operadora do plano de saúde? Óbvio que não!

Ligo de novo para a bendita vendedora e solicito mudança de plano. Serão mais R$120,00 por mês para não ter que pedir arrego, toda vez que precisar me consultar. Quem dera que esta mudança fosse automática, mas não, ainda levará cerca de dois meses até que eu tenha direito à dignidade. Sem contar que já comecei pagando um mês adiantado, sem direito a usufruir de nada e agora já fazem seis meses de plano e os aborrecimentos continuam. Nunca vi um contrato tão leonino, com tantos direitos para a operadora e tantas obrigações para o consumidor como esse contratado pela UFMT. Só a Unimed detém direitos e benefícios, ao servidor cabe apenas pagar e se humilhar para usar o plano. Simplesmente ridículo, odioso. Abaixo, um vídeo com um exemplo das propagandas que invadem as nossas casas e mostram uma Unimed que não corresponde à realidade. Em termos de direitos do consumidor, este país ainda está na idade das cavernas.












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